segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Dentro da boca.

tenho forçado sorrisos
sem querer

parece mais fácil

a boca retorce
angustiada
reajo, finjo
até conto uma piada
e se precisar completo
com uma risada estridente
pra ficar mais convincente

de repente, rio
me afogo

parece mais fácil
parece mais fácil porque
só dói mais tarde

não quero explicar 
porque estou triste
pro seu dedo em riste
ou pra esses olhos que parecem gritar

"só mude de assunto
só mude de assunto
só mude de assunto
eu não vou te ajudar"

então sorrio
só rio
só mudo de assunto
deixo levar meu corpo defunto
que de braços cruzados sobre o peito
por sorte
sorri satisfeito
em seu leito de morte

sábado, 3 de setembro de 2016

Escrita automática I - Amuletos pendurados.

não tenho interesse nenhum
no amor que se dita nas cartas de baralho
pra mim
amor
não é sorte
não é sorte
se a gente pensar
o amor tem mais a ver com a morte
já que tanta gente morre
todo dia todo dia
em nome do amor
não há sorte em mãos dadas com correntes
não há sorte no toque entre dois
só dois
trancafiados pra sempre
num quarto de ilusão
e só um quarto disso
realmente se importou
com o outro
não sei se é sorte esquecer de si
se dividir em dois
e não ganhar nada depois
trevos de quatro folhas
pés de coelho
linhas amarradas no dedo
me convencem mais
que o amor que o destino me diz
necessário.